segunda-feira, setembro 20, 2004

A brincadeira começou já lá vão sete anos, tempo mais que suficiente para que deixasse de o ser e começasse a embrenhar-se em nós (e nós nela) de forma que parecia já coexistir connosco há milénios. O trabalho teve várias fases e não vale a pena estar aqui a biografar algo que terá necessariamente de ser observado a certa distancia para que a compreensão de tudo nos possa acertar subitamente como um rochedo.

Recordo momentos interessantes e uma inocência inicial que sabia a fruta colhida verde, com toda a dose de aspereza que normalmente acarreta. Recordo vontade de trabalhar, projectos a longo prazo, reuniões, ensaios, gravações, redefinições, entradas, saídas e um fardo enorme a suportar - a instabilidade das diversas formações. Paradoxalmente, no entanto, o trabalho fluía. As músicas faziam-se, os concertos corriam, as gravações sucediam-se e contribuíam para aperfeiçoar as muitas imperfeições que se notavam. Depois veio o declínio. A dificuldade em encontrar quem acompanhasse o projecto, algumas divergências criativas, de métodos de trabalho e até pessoais abalaram demasiado as demasiadamente frágeis estruturas em que tudo assentava.

A imagem que carrego destes últimos tempos é a de um doente terminal que é reanimado de cada vez que desfalece para morrer, voltando de cada reanimação mais fraco e mais moribundo do que antes. Não vejo sentido nisto. Há que saber compreender quando parar e como parar.

É assim que abandono este projecto que iniciei junto com o Jorge. Decidi dar um tempo a mim e à música. Não consigo continuar a trabalhar neste projecto. Sinto-me saturado e a precisar de me encontrar noutras áreas. Anseio por mais tempo para ler, mais tempo para viajar, mais tempo para ver cinema, mais tempo para mim e por mais insignificante que a música possa parecer, é para mim demasiado significante. É mais uma amarra que solto. Não é um adeus à música. É talvez um até já. Não acho que seja capaz de parar de tocar, não consigo é continuar a fazê-lo nestes moldes.

Ao Jorge e à Ana desejo apenas que consigam atingir os objectivos a que se propõem e que me perdoem a ?deserção?. Será melhor para todos. Gosto de vocês.

E no fim, este fim, o que nos deve restar senão a esperança de que ele seja afinal um novo princípio?

segunda-feira, setembro 13, 2004

Isto foi o que me sobrou das férias do verão.
A canção chama-se "Escape to paradise" e tem música do J.M.
A letra é obviamente aqui do deprimido-mor e foi escrita para o autor da música, em nome das velhas amizades e das vidas... vidas reais... real lives... um brinde àquilo...



A lonely seagull flying south
Halves the sky
In a sad and winged harmony
While we listen to the sound
Of an old telephony

The crystal clear morning of our endless love
So bright, so sad and so full of plans for the afternoon

On that day
The sea, the sun, the melody?
Sleeping bags
Martini, guitars and sympathy

Tears of happiness sliding from your sad eyes
Carry on their shine our wishes, like two little pieces of the sea

On that day
The sea, the sun, the melody?
Sleeping bags
Martini, guitars and sympathy

Together,
Chasing her tail with our eyes.
Begging for a pair of wings
An escape to paradise.

Rescaldo de férias

Sim, estive ausente, tanto em pessoa como em escrita. Sei que podia ter usado a biblioteca de praia mas não quis. Desliguei-me da máquina que me consome durante praticamente um ano inteiro. Não me deu para escrever nada de jeito durante estas férias que considero que foram as que mais nada me trouxeram. Fui com uma sensação de dejá vu e voltei com uma sensação de vazio. O que me salvou foi uma escapadela até à costa galega, que uma amiga decidiu partilhar comigo. Não fora tal... não me parece que ficasse alguma recordação deste verão.
Agora que já exorcizei 1% dos demónios que me atormentavam, já posso aguentar mais ou ou dois dias sem explodir.

Para os mais distraídos, este blog está agora também disponível através do endereço http://weblog.joaomaltez.net/
O processo de mudança será gradual, lento e esperamos nós, indolor.

Nota: Nós sou eu e o mau génio que trago agarrado.
Nota2: A pedido de algumas famílias, corrigiu-se a referencia à viagem à Galiza. onde se lia "que partilhei com uma amiga" pode ler-se agora "que uma amiga decidiu partilhar comigo".