segunda-feira, maio 17, 2004

Numa esplanada sobre o mar

Tive este fim-de-semana a oportunidade de me deslocar à minha praia (para os menos atentos, Palheiros da Tocha). Passei uma horita de frente para o elementar, a olhar, olhar, olhar... que vício este de olhar o que é belo. Hoje quando lia "em nome da terra" de Vergílio Ferreira deparei com este parágrafo que vos transcrevo e que parece ter sido escrito lá onde ontem repousei um pouco, não fora a discrepância temporal (Vergílio Ferreira escreve-nos no Outono e eu na primavera mas com um sol imensamente semelhante).

"...Deixa-me olhar um pouco o mar. Deixa-me estar um pouco sem tempo, que é a verdade do azul do mar. Deixa-me perder a idade que perdi. Há espaço bastante a todo o horizonte marinho para o bocado de infinito que ainda trago comigo. Há ainda veraneantes na praia para eu daqui tomar banho com eles. Vou respirar fundo, que é o que sempre apetece diante do mar para inspirarmos o universo com a inspiração. Vou ficar a olhar o brilho das águas nos jogos do meu devaneio. Está uma tarde quieta transparente. Nítida. Sem o calor do verão que embacia as coisas, mas não posso ficar eternamente a olhar..."

Eu podia.

Anseio o verão. Mas sinto que antes há que fazer por merecê-lo. Troveja hoje em Coimbra. Já o esperava. Vivam os senhores da meteorologia que me avisaram.