terça-feira, fevereiro 17, 2004

É como se sentíssemos cada centímetro do frio metal de uma lança que nos penetra o peito nu. Como uma eterna câmara lenta. A lança, às mãos do carrasco, lenta, lentamente, e a morte aqui tão perto que tarda em aparecer. Não que a desejemos pois morrendo perderíamos tudo o que nos fez subir a este cadafalso. É antes como um desejo muito forte de aplacar o sofrimento com a saída mais perto de nós. A saída mais fácil (É irónico ver-me dizer isto, não é? Tu sabes que é...). Embora saiba que não sou do tipo dos que desistem ao ver cair o primeiro dos sete castelos, todos sabem que sou humano e como tal sou fraco. Nunca pensei chegar a este ponto.

Tudo parecia um conto de fadas, com direito a príncipe, princesa e fada madrinha mas o dragão que ainda guarda a princesa foi subestimado pelo príncipe.

(Havia uma incógnita a mais na equação. Mais uma variável que bastou para destruir o frágil equilíbrio)

E o castelo do conto de fadas ruiu com a primeira pedra lançada de uma catapulta solitária. Os exércitos do príncipe não bastam. O dragão é demasiado grande. De um poder avassalador, mesmo não tendo o mago que o criou um rosto. O mago continua escondido atrás do seu capuz.

(De nada vale resolver um sistema com demasiadas variáveis livres. Não há soluções possíveis.)

E a princesa chora. Chora por não se conseguir libertar do dragão. E o príncipe chora por não saber afastar o dragão e por não poder levar a princesa ao seu castelo, onde viveriam felizes para sempre... Ever After...