sábado, fevereiro 14, 2004

Foi como tinha que ser.

Foi como tinha que ser.

Ainda tenho a vista toldada pelas lágrimas que não derramei hoje à tarde.
A praia, o mar, o céu, os dois na areia envoltos num abraço de dois corações que não batem a compasso.
Tinha que o fazer. Tinha de saber para onde caminhar. A sensação que se tem quando se enveredou já por um caminho errado e tem de se regressar é comparável à de quem pensava ter encontrado ouro mas encontrou pirite. Frustração sim, mas certeza de que se fez tudo o que nos cabia fazer. O vazio é tão grande agora que olho para trás. Vazio dentro de mim e à minha volta.
Falámos muito, mesmo muito. Entendemo-nos finalmente um ao outro. Ambos somos complexos. Ambos temos passados difíceis e sequelas fundas a curar. Temos métodos de cura diferentes.
As lágrimas rolaram livres por sobre a tua face. Falta compreensão. É muito cedo para estar já a enterrar um passado recente. É muito cedo para já estar tudo esquecido. Abracei-te.

"- Gostava de sentir por ti o que sentes por mim."
- E porque é que não o sentes?"

Há perguntas às quais não se deve dar resposta.

(Fui um cabrão egoísta.
Agora que me lembro de tudo o que já pensei, tudo o que já tinha como dados adquiridos, favas contadas, tudo isso era artificial.
O egoísmo nato do ser humano é obra... Interpretamos o que ouvimos dos outros não à nossa maneira mas da maneira que nos convém. E por isso sofremos. E por isso sofri e sofro. É bem feito - Fui um cabrão egoísta.)

Não nego que estou a sofrer. Não nego que me apetece desaparecer para bem longe. Não nego que me apetece desligar o botão para só o ligar quando o mar estiver mais calmo.

"Duvido que encontres alguém neste momento que te ame com a força que eu te amo..."
(Somos todos tão pouco humildes...)