A necessidade de falar
Assim como todo o ser humano tem a necessidade de respirar o oxigénio que lhe é essencial à vida, alguns desses mesmos seres humanos têm a necessidade de estar constantemente a falar, seja do que for. Veja-se o exemplo do autor - não é por acaso que este blog existe, conforme está bem explícito na justificação que o próprio faz do mesmo. O que incomoda solenemente é quando a necessidade de falar se encontra com a triste sina de não ter nada para dizer, situação infelizmente frequente entre o povo português (e não só, mas sendo que este me é mais dado a analisar...).
Quando me deparo com este tipo de pessoas e visto que não é legal o uso e porte de armas de fogo de calibre militar, faço todos os possíveis por ignorar o sujeito, o que nem sempre é possível. Tais pessoas estão normalmente munidas de vozes difíceis de "difractar mentalmente", mesmo pelo ouvido mais treinado, seja pela elevada amplitude ou frequência. A primeira é difícil de não ser ouvida, a segunda tem tendência a não deixar de ser ouvida.
Alie-se a isto o facto de apoiar metade das supostas ideias-próprias em frases-feitas lidas quer em programas informativos de carácter duvidoso, jornais diários da imprensa temática, fohetos de partidos políticos ou e-mails que infelizmente tendem a circular perpetuamente na rede ou a ser aglutinados em websites que os tomam como fontes de informação segura.
O grande problema surge quando se torna impossível ignorar o sujeito, seja por estarmos numa cela sem portas nem janelas, seja por uma questão de mera boa educação. Nestas situações dou sempre por mim a anuir com movimentos de cabeça e a soltar "hum-hums" entredentes e ocasionalmente um "pois..." muitas das vezes correndo o risco de estar a concordar com ideias que considero erradas, falaciosas ou completamente descabidas. Será hipocrisia?
Quem me conhece sabe que sou um sujeito calmo e consensual mas que não deixa de fazer valer o seu ponto de vista. Busco sempre o meio-termo dentro das decisões difíceis sem nunca abdicar de uma vitória que me é devida. Ora é sabido que qualquer tipo de discussão com uma pessoa que nada tem a dizer não leva a lado nenhum. Por isso o meio termo entre arrear-lhe com um taco de baseball envolto em arame farpado nos dentes(1) e ignorar completamente o sujeito de uma forma mal educada será ouvir o que ele tem a dizer, sem demonstrar nenhuma emoção com o discurso. Isto aumenta largamente a probabilidade de encurtar a conversa (que rápidamente se esgota) e minimiza em muito o risco de uma perseguição movida pelo sujeito.
Pior que isto mas dentro da mesma classe, são aqueles sujeitos cuja amplitude vocal consegue superar a de um hipopótamo na época da reprodução e que mesmo estando numa mesa afastada da nossa, não conseguimos deixar de ouvir. Isto incomoda ainda mais, porque não conseguimos concentrar-nos na actividade que estamos a desenvolver no momento, seja ela escrever um texto, ler um livro, conversar com amigos ou até... sei lá... olha! Ver o jogo Dinamarca-Bulgária, por exemplo.
A estas pessoas, nada mais tenho a recomendar do que procurar auxílio. Podem começar por uma biblioteca ou qualquer coisa do género.
Não se esqueça por isso, caro leitor, se sente que se enquadra nesta categoria de pessoas, por favor procure aconselhamento com alguém que não seja a Parola, perdão, Taróloga Maya e evite passar por mim quando me vir com uma motossera ou outra ferramenta com peças cortantes na mão.
___ISTO É UM RODAPÉ__________________________
Nota de rodapé:
(1) - Esta devo-a ao ZN ao DC ao DVC e ao JJ. Eles sabem quem são.
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