O anjo das asas de chumbo queria saber voar
As luzes intensificam-se para em seguida decair.
Na ribalta estou eu,
Eu caído.
Prostrado por terra.
Encantamento ou danação?
O peso que me arrasta para baixo,
É o meu próprio.
O público aplaude
O actor morre em palco.
Necessidade ou obrigação?
Uma altura houve em que soube voar,
Mas o caminho que levei levou-me ele próprio.
Arrastou o que de mim havia em mim
Para longe.
Destino ou Sorte?
O peso das acções,
Passadas ou Pesadas?
A necessidade de ausência de remorso.
O peso das decisões,
A autoridade que devemos imprimir a nós mesmos.
O estômago necessário para perder.
E cada erro do passado
É mais uma pena de chumbo,
Numas asas que não desejei.
E que não me servem para voar.
Coube-me esta sorte-destino.
A irónica frustração...
Por isso estou aqui caído, inanimado, morto.
E o público aplaude de pé.
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