quinta-feira, novembro 13, 2003

O anjo das asas de chumbo queria saber voar

As luzes intensificam-se para em seguida decair.
Na ribalta estou eu,
Eu caído.

Prostrado por terra.
Encantamento ou danação?
O peso que me arrasta para baixo,
É o meu próprio.
O público aplaude
O actor morre em palco.
Necessidade ou obrigação?

Uma altura houve em que soube voar,
Mas o caminho que levei levou-me ele próprio.
Arrastou o que de mim havia em mim
Para longe.
Destino ou Sorte?

O peso das acções,
Passadas ou Pesadas?
A necessidade de ausência de remorso.
O peso das decisões,
A autoridade que devemos imprimir a nós mesmos.
O estômago necessário para perder.

E cada erro do passado
É mais uma pena de chumbo,
Numas asas que não desejei.
E que não me servem para voar.
Coube-me esta sorte-destino.

A irónica frustração...

Por isso estou aqui caído, inanimado, morto.
E o público aplaude de pé.