Sobre a minha mesinha de cabeceira jazem inanimadas cerca de 10 pilhas com que tentei, a muito custo, dar vida ao leitor de CDs
Nenhuma estava carregada.
Só queria ouvir mais uma vez a harmonia e a beleza que é a música dos Madredeus.
Hoje estive com alguém que partilha da dor. Que dor? Deus devia existir, tudo devia ser perfeito. Porque é que arranjo sempre depressões quando não preciso delas?
Tenho saudades dos tempos em que tudo passava de um dia para o outro. A infância do existir foi engraçada. O Existir dói. Ter de ser e ser algo, ainda vá, agora existir? Porquê?
Têm todas cabelos lindos e sorrisos lindos. Porque é que tenho de olhar para vocês? Porque é que quero olhar para elas? Tantos porquês... A incessante busca das respostas que nunca aparecem...
Dei por mim com a pistola de fulminantes na mão a imaginar uma arma verdadeira. A cura para todos os males - Não vamos por aí, ok ?! de becos sem saída já estou eu farto, foda-se!
Estou com saudades de mar, saudades de me perder na imensa solidão oceânica. Coimbra é a minha cidade, mas a praia está sempre na minha memória.
Que verão! Estávamos lá todos. O André com o pragmatismo, as miúdas a falar de vólei e futilidades, o Juan a desenhar, o Bruno a compor e a escrever, e o resto, e todos os outros... (Até de quem não é importante tenho memórias) a Ana e o Tony e a boa disposição. Que saudades... e melhor que tudo, o MAR ! Coimbra não tem mar. É pena. Se eu mandasse, Coimbra tinha mar. Mas não mando. Nem em mim mesmo.
Não sou capaz de pôr cobro a esta infelicidade injustificada. Não a percebo. Não a compreendo.Não sou capaz de a partilhar, não sei porque tem de ser assim. Queria algo. Algo inexplicável. Não sei porque tremo, não sei. Estou a pensar de novo no meu avô e na sua bengala. Tão triste que ela está sem o meu avô.
A música que faço já não me diz nada. Serão fases? O Bruno acha que sim. Espero que sim. Preciso de algo a que me agarrar, não sei o quê. Estou destinado a viver assim?
Arranjar depressões por dá cá aquela palha? Recuso-me! Quero viver, porra! Será pedir muito a mim mesmo?
O sono apodera-se de mim.
Até amanhã, vida!
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